Tenho pela Suíça e pelos suíços uma enorme admiração. Um país que apesar da sua pequena dimensão, (menos de metade de Portugal) natureza montanhosa e reduzida área arável, ocupa um papel muito importante no âmbito da economia mundial. Um país de montanheses, que sem mar, sem um território totalmente arável, sem um clima ameno, conseguiu, mesmo assim, ser um país florescente de prosperidade e vitalidade.
A sua economia assenta em várias áreas de actividade. Pela sua importância destacam-se a indústria têxtil, metalúrgica, relojoaria, química (produtos farmacêuticos) e turismo. Seguindo-se depois a pecuária e derivados, e a agricultura.
Viajar pela Suíça é descobrir um país de sonho, verdadeiro postal de Natal, muito bem organizado, onde se respira uma atmosfera de indizível paz, bem-estar e solidez colectiva. Um país onde a vida decorre disciplinadamente entre os que trabalham e os que administram, e onde as instituições funcionam de forma harmoniosa.
Ao invés, Portugal, com condições excepcionais para poder ser a Suíça ibérica, depois do apogeu glorioso de 1500 (tão desconsiderado pelos novos ideólogos de pacotilha) nunca mais conseguiu projectar a sua identidade. Foi-se tornando um país de revolucionários, fazendo de cada revolução uma frustração, até acabar atolado na dívida que foi contraindo, e de mão estendida à caridade alheia.

No momento em que o país de Norte a Sul está a necessitar de uma terapêutica revitalizadora para agitar o aberrante marasmo em que vegeta, de perceber e reconhecer nas suas debilidades as razões da sua adversidade, não pode deixar de ignorar a sombria verdade que há décadas trava o seu desenvolvimento: a imperdoável inércia dos seus sucessivos dirigentes, que foram consumindo o pouco que tínhamos e gastando do alheio, deixando atrás de si uma herança cada vez mais pobre.
Uma economia não prospera quando o valor dos bens produzidos é inferior ao dos bens consumidos. Daí que, desde há décadas, o país esteja a viver perigosamente apoiado numa dívida pública monumental, que não para de crescer.
Apesar deste fatalismo e da penúria de um país em falência técnica – uma realidade oculta simulando um ar de prosperidade – continua sem instinto de superação.
Um cancro governativo tem roído o país, décadas a fio, convertendo-o numa sociedade de parentes pobres, limitada a sobreviver da iniciativa dos seus próprios impulsos.
 
Embora com alguns progressos em períodos circunstanciais, tem experimentado algumas dificuldades para modernizar-se e projectar-se ao mesmo nível da realidade que o rodeia: países economicamente prósperos, que se diferenciam evocando o seu atraso.
É verdade que estamos adiantados em relação a outros povos subdesenvolvidos de fora da Europa, mas muito longe dos países da União Europeia – uma realidade que não se pode dissimular.
Embora não se possa dizer que Portugal se tenha petrificado, a realidade é que tem sido impotente em adaptar-se à evolução do mundo, conservando uma organização arcaica, de mentalidade burocrática, gozando do monopólio do emprego público pago pelos contribuintes.
Na nossa debilidade económica, o que existe de dinâmico deve-se à iniciativa privada, que não obstante a burocracia e o jugo de impostos a que está submetida, tem dado alguma vitalidade ao imobilismo de sucessivos governos, que somente têm acompanhado a passos lentos o ritmo de progresso da Comunidade Europeia, mas corre a grande velocidade em direcção ao endividamento do país, no pressuposto de que “há mais vida para além do défice.”
Fruto de frustrações variadas e oportunidades perdidas, os cidadãos já não acreditam num futuro autêntico apregoado pelos títeres da revolução. Foi tanto o desacerto a aprisionar o país nas mãos dos credores, que a vida tornou-se numa encruzilhada sem saída para os que estão e para aqueles que chegarão depois de nós.
 
Creio que foi Miguel Torga quem escreveu “as nações, por vezes, levantam-se do caixão.”
♦ Para que o milagre aconteça, um país necessita de governantes expressando uma mentalidade de Homens de Estado.Líderes que abracem causas e fixem objectivos com a responsabilidade de realizá-los;                               
♦ Políticos que não vejam na política uma carreira garantida, um couto reservado ou uma situação adquirida;                                                                                                                                                                                             
♦ Dirigentes que reanimem uma economia que sufoca, e que não se deixem aprisionar na rede das castas partidárias e dos direitos adquiridos; com coragem para alterar a rigidez estrutural e mental de uma instituição, onde tudo decorre numa lentidão confrangedora – um Estado tentacular e ao mesmo tempo ineficaz, que diagnostica mal e sem rigor os destinos da nação, o que explica o porquê de durante quase 50 anos de um novo regime não tenha feito muito de tudo quanto proclamou;                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
♦ Alguém que perceba e reconheça que quem quer que seja que crie uma empresa, está a expor-se a um desafio de riscos e perigos, com a promessa de benefício em caso de êxito e a ameaça de falência em caso de fracasso. E que a iniciativa do cidadão que arrisca em prole da comunidade criando emprego e riqueza, não pode estar sob a trama de uma Administração Pública que, em vez de prestar ajuda e colaboração, só complica e sufoca numa multiplicidade de impostos, que diminuem o benefício e aumentam o risco.
 
Diante deste cenário, o país necessita mesmo de uma sacudidela a forçar fazer-se ouvir pelos poderes públicos, até agora demasiado longe da realidade e de olhos fechados para o futuro do país e bem-estar dos seus cidadãos.
Basta de políticos bem-falantes, com palavras deliciosas para os ouvidos, mas na prática incapazes de assegurarem as condições necessárias ao desenvolvimento económico do país.

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