Concorrência, segundo Charles Darwin, significa uma espécie de luta pela vida que se trava entre os seres vivos, que elimina os menos fortes ou os menos bem-adaptados. Em linguagem económica, tem o significado de competição. Competir é explorar novos meios de satisfação das necessidades humanas, com custos menores e superior qualidade, enquanto que a rentabilidade permanece como objectivo a longo prazo.
Feito este breve preâmbulo, o meu intuito é trazer aqui algo de útil e construtivo, capaz de fazer despertar a sua iniciativa e impulsá-lo a derrubar muros onde, porventura, tropece a sua empresa.
Em toda a minha vida de ligação com o sector gráfico, sempre ouvi acusações mútuas de uma concorrência danosa e desleal; um propósito assanhado sobre as suas empresas, abrindo brechas nos preços e roubando clientes que tinham por garantidos, sem nunca terem consciência que o seu pior inimigo eram eles próprios, ou não fossem eles muitas vezes os autores antes de se converterem em vítimas. Neste passa-culpas, o que quase sempre ficava por dizer, por desconhecimento ou conveniência, era o tipo de armas de que dispunha a outra parte para poder disparar preços mais concorrenciais.
Analisadas suficientemente estas lamúrias acusatórias, a ilação conclusiva era de que os visados haviam superado largamente em tecnologia e produtividade os seus maledicentes colegas, e daí a origem das suas críticas e ressentimentos.
Estes estados de ânimo, que muitas vezes contaminam uma boa relação entre colegas, fazem saltar à vista uma evidência: as empresas têm que estar no mercado dando saltos qualitativos para seguirem em frente. Quem só vê sombras desalentadoras no seu negócio e renuncia a saltar, ou fica na obscuridade ou morre frente àqueles voltados para o progresso tecnológico das suas empresas.
Ao marasmo de muitos empresários, que submergem impotentes em adaptar-se à evolução dos mercados e deixam passar a oportunidade de fazer a sua própria revolução industrial, há os que, com uma mentalidade de espírito de empresa, convertem os seus negócios em unidades industriais modernas, com recurso às tecnologias mais avançadas.
Entre empresas do mesmo ramo há sempre elementos diferenciadores que as distingue. Embora diferenciar-se seja cada vez mais difícil, há quem faça com que as suas empresas, os seus produtos e serviços sejam uma opção melhor para o cliente. A forma como dirigem e orientam as suas equipas, como organizam o trabalho, o tipo de tecnologia que usam e o serviço que prestam, é a chave na hora de competir frente a colegas com diferentes métodos de trabalho ou tecnologias.
Desde sempre, em todas as áreas de negócio, há as empresas vivas, que se regeneram continuamente de forma inovadora, substituindo o velho pelo novo na busca de vantagens competitivas, e há as empresas pouco ambiciosas, cristalizadas em universos onde já quase nada de verdadeiramente inovador constituiu uma poderosa força capaz de as converter em entidades diferenciadoras. Umas florescem com segurança e estabilidade, outras vão fenecendo até se extinguirem.
Actualmente, todas as empresas modernas competem no âmbito de tecnologias mais ricas de recursos, buscando flexibilidade e produtividade. A sua filosofia, quando se trata de investir, é optar por tecnologias que reduzam custos operacionais e façam aumentar a rentabilidade do negócio.
Se há empresas que renovam, abraçando tecnologias altamente produtivas, que permitem competir com níveis de preços mais baixos e lucros mais altos, outras há que continuam agarradas a mausoléus, já sem pernas para rivalizar com tecnologias de última geração, cujas diferenças tecnológicas vão acentuando cada vez mais os seus efeitos.
Esta crónica baseia-se na constatação de que os mercados mandam e as tecnologias marcham em função das suas exigências. Mercado e tecnologias, de forma constante, vão rompendo processos e criando novas oportunidades de negócio, movendo a todos em todo o mundo. Num mundo em que todos competem entre si, o mediano nunca ganha. O ganhador é sempre aquele que arrisca, que rompe com velhas rotinas e cria outras novas.
O fim em vista de qualquer negócio é gerar riqueza que permita potenciar para futuros desenvolvimentos. Para tornar isto possível, há que definir objectivos e meios capazes de os realizar.