Vendedor – profissão fascinante ou de stress?

Um tenor na ópera, ao terminar uma ária, ouve o púbico gritar: -“Outra, outra!”
À quinta vez, o tenor perguntou: -“Quantas vezes querem que eu volte a cantar?”
Ouve-se um coro: -“Até que aprenda a cantá-la bem…”
 
Tal como no bel-canto, em que só os mais dotados, com vozes bem trabalhadas e bom timbrado, conseguem seduzir e emocionar uma plateia, também em qualquer outra actividade profissional, o que a plateia de empresários mais ambiciona é gente com brio e cobiça, disposta a subir degrau a degrau a escada do êxito. Pessoas que se dediquem com afinco à profissão e mostrem criatividade e competência. Colaboradores que queiram fazer parte de um projecto e sejam reconhecidos como actores e não apenas como figurantes.
 
Nas empresas, na área comercial de vendas, vai ganhando cada vez mais significado a admissão de comerciais com competências técnicas, motivados e esclarecidos, o que parece óbvio face ao desenvolvimento gradual da tecnologia, processos e produtos, e à agressividade concorrencial. Profissionais que exibam responsabilidade moral, competência profissional, maturidade e visão do negócio.
É certo que um bom produto ajuda muito ao sucesso, mas sem conhecimento, sem atitude pró-activa, dinâmica, determinação, capacidade de comunicação e                 auto-confiança, factores decisivos na hora de conquistar uma encomenda, as vantagens perdem-se diante de uma concorrência implacável, que revele toda aquela extensão de competências.
 
Vender resulta sempre difícil. Em muitos casos causa ansiedade, stress, desmotivação.
Como profissão, está cada vez mais submetida a pressões desde diversos ângulos: concorrência feroz, atitude de desconfiança e cautela do cliente, relação entre cliente e produto, preço/qualidade, etc. É um campo de batalha em que todos nos enfrentamos num mundo com cada vez mais opções, com vantagem para o cliente, que num clima favorável para o negócio utiliza o seu poder negocial pondo em confronto os seus fornecedores a competirem entre si pela conquista da sua encomenda.
Negociar é uma experiência de êxitos e fracassos, que envolve sempre dois protagonistas jogando com diferentes interesses e propósitos, alguns sem dor nem pudor, em que os princípios teóricos da noção de ética e do seu significado, por vezes, são postos na gaveta, com cada um a lutar com as armas que tem, na conquista de vantagens. Cada batalha é um desafio árduo, que umas vezes resulta em sucesso, compensa e é motivador, outras, ao invés, converte-se em fracasso, e dele se retiram lições para o futuro, mas a derrota mexe com o consciente emocional do indivíduo.
 
Na actividade de comercial de vendas não pode haver lugar para esmorecimento e descanso, mas sim um compromisso vitalício de uma missão diária intensa, de resultados incertos, que só pessoas à altura do desafio, capazes de enfrentar operações de guerra com um interlocutor de respeito, o cliente, e um adversário implacável, o concorrente, conseguem agir e reagir com a capacidade de lidar com os constrangimentos que cada negócio comporta.
Na venda, nunca é fácil uma negociação com êxito. Nem há nenhuma fórmula mágica que garanta uma encomenda com antecipação. Aquilo que aprendi, antes de iniciar cada duelo, foi nunca improvisar, mas estar sempre bem preparado e informado. Entrar na briga bem armado para persuadir e convencer, é meio caminho andado para levar vantagem na negociação.
 
Num mundo rendido à ditadura da concorrência, todos nós procuramos conquistar encomendas, cada um lutando por interesses em oposição. Um importante elemento nesta luta, para além do suplantar a concorrência ao nível da qualidade e variedade dos nossos produtos, é um staff de vendas bem preparado, falando a mesma linguagem do cliente, com forte presença no conhecimento e na apresentação, de maneira a que o cliente o veja como um manancial de boas e motivadoras sugestões, capaz de aconselhá-lo a melhorar a qualidade do seu negócio. Quando os clientes mantêm esta crença positiva acerca do vendedor, não só a venda se converte numa tarefa mais fácil, como o seu ego sobe em flecha.
Num país com uma economia débil como a nossa, em que muitos clientes são apenas simples listas de desejos, cuja extensão vai a par com o seu vazio económico, que dói mais na alma dos próprios do que no entendimento alheio, é natural que busquem desesperadamente alguém que os ajude a dar sentido às suas vidas. Nestas circunstâncias, o papel do vendedor pode converter-se em conselheiro de umas quantas ideias, que contribuam para a melhoria do seu bem-estar económico, como, p. ex., destacar a importância de mudanças estruturais, alianças estratégicas, fusões com parceiros, etc.. Tendências que estão a crescer por todo o mundo com efeitos positivos para as empresas, não somente na indústria gráfica, mas ainda mais acentuadamente em outros sectores de actividade.
 
 
 

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