Tecnologia – Vantagens e consequências

Actualmente, a multiplicação dos nossos meios de acção, o ritmo acelerado da tecnologia e o excesso de inovações, que para o bem e para o mal estão transformando as nossas vidas, não tem nada a ver com aqueles e aquilo que dispúnhamos décadas atrás.
À medida que cada vez mais dispomos de tecnologias que fazem o trabalho que antes ocupava milhões de homens e mulheres, não obstante os benefícios que prestam à humanidade, têm influência negativa no mercado laboral com a perda de mobilidade, e na vida de milhões de pessoas.
 
Os novos meios ao nosso alcance estão derrubando as concepções tradicionais e mudando a face do mundo. Em todo o lado sente-se a tirania da tecnologia em contínua aceleração: em casa, na empresa, nas instituições. Todos procuramos obter no imediato novos meios de acção, explorando as suas facilidades e vantagens delas derivadas, e as tentações por elas criadas. No entanto, verificamos, com efeito, que quanto mais são os seus avanços, tanto mais a luta pela vida se torna difícil e insuportável para uma legião de indivíduos que vêm os seus postos de trabalho a evolarem-se como o fumo.
Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo é sabermos que sem as inteligentes tecnologias que irrompem inopinadamente nas nossas vidas nenhum progresso estaria assegurado, e a consciência que temos de que uma parte da humanidade está sofrendo as consequências da sua prodigalidade.
 
A substituição de mão-de-obra directa pela tecnologia no processo de produção, acelerou a redução de postos de trabalho em imensos sectores de mão-de-obra intensiva, com as consequências inevitáveis do desemprego, que continua a crescer por todo o mundo. Ao contrário do que sucedia no passado, emprego perdido numa actividade podia ser compensado noutra qualquer. Hoje em dia, com a alta tecnologia penetrando em todos os sectores da economia, isso deixou de ser possível. As perspectivas gerais para o futuro dos trabalhadores não são, por conseguinte, muito encorajadoras. Tomando por exemplo a indústria gráfica, avalia-se o número de actividades que foram desaparecendo desde a década de 70.
A controvérsia não é quanto a tecnologia pode e deve ser promovida e apoiada. A questão é como equilibrar o seu desenvolvimento com a defesa do emprego, quando a competitividade enquanto objectivo prioritário em todos os sectores de actividade, se tornou mais importante que o pleno emprego.
 
Cada inovação tecnológica, que deveria servir para elevar o nível de vida das pessoas, pelo contrário, torna-as repentinamente quase inúteis e desnecessárias. O que deveria de ser motivo de satisfação e segurança, em muitos estratos da população mundial gera uma amarga descrença em contradição com as expectativas.
A tecnologia deveria ser desenvolvida para que toda a gente pudesse usar, de forma benéfica, do seu conforto material. A sua função deveria ser facilitar o esforço e a vida humana do fardo das preocupações quanto à sua sobrevivência, mas em vez de reparar desigualdades, acrescenta-as.
 
Para largos segmentos da população mundial, a incerteza em que vivem é intolerável. Amarradas a um destino incerto, são facilmente absorvidas e não vacilam em seguir qualquer crença libertadora fanaticamente implacável. Tomemos por exemplo o terrorismo que campeia, matando e destruindo sem dó nem piedade. O medo do desemprego, a insegurança, a angústia, o desalojamento, a fome, etc. é o drama actual de milhões de pessoas, que provoca recalcamentos e a agressividade que ensanguenta os nossos dias.
 
Toda o mundo sabe o que são as aspirações básicas das pessoas e o que deve ser feito para as satisfazer. Porém, enquanto os direitos dos mais fracos e a sua sobrevivência se reduzir a uns quantos slogans, nada nos garante que uma atitude de sobrevivência conduza a situações incontroláveis de intolerância social, exigindo respostas que defendam os interesses em conflito. E há razões para isso: do desemprego à pobreza e ao desespero vai um passo. Um passo que de repente faz saltar do letargo à insurreição.

 

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