Um olho no burro e outro no cigano

A indústria gráfica está enfrentando um novo mundo em que as forças da tecnologia e da inovação estão mudando radicalmente a maneira de trabalhar e de estar no mercado. Um mundo revolucionário para gente com visão de futuro, e uma porta fechada para aqueles que continuam expectantes, sem entenderem que esta nova revolução industrial é um novo campo de batalha competitivo com critérios totalmente novos.
 
Não obstante os desafios que apresentam as tecnologias opostas e complementares de impressão digital, na sua essência pouco afectam o segmento de impressão convencional (offset). De facto, a impressão convencional segue ganhando adeptos, uma vez que, cada vez mais, abarca todos os requisitos de velocidade, versatilidade, qualidade, formatos de impressão, precisão e ampla variedade de aplicações, etc., etc. Além disso, incorpora funções de automatização agilizando procedimentos que tornam o processo imbatível, aportando excepcionais vantagens práticas e económicas nos diversos modelos de negócios actuais, como embalagem, rotulagem, comercial e outros.
Os avanços tecnológicos dos últimos 15 anos, totalmente revolucionários, converteram este processo num potencial de eficiência como nenhum outro. Enquanto há 15 anos atrás uma impressora offset produzia em 3 turnos entre 20 a 30 milhões de exemplares ano, este número mais que triplicou desde então. Tempos de preparação e mudanças de trabalho em apenas 5 minutos, e menos de 3 entre a última folha de acerto até à primeira folha boa, e menos de 60 folhas na maculatura para dar início à produção, tornam altamente rentáveis tiragens a partir de 200/250 folhas, o que significa que quanto mais mudanças de trabalho mais benefícios económicos se obtém.
Uma mudança de paradigma, que permite que todo o processo de impressão dentro de uma empresa consiga lograr uma produtividade líquida sem precedentes, altamente rentável.
Explorar as possibilidades técnicas de um sistema integrado, que standardiza e racionaliza o fabrico de impressos de forma auto-controlável, auto-ajustável, consistentemente livre de erros, redundâncias e maculaturas que quebram a rentabilidade, reduzidas a quase nada, que libertam o operador de funções rotineiras e o ajudam a manejar com sistemas inteligentes, de modo a que possa transformar o potencial técnico da sua máquina em produtividade, é aumentar vantagens competitivas como se estivesse correndo uma maratona com sapatos de corrida contra adversários com botas de tacão.
 
Reflectindo sobre o processo de impressão digital, que em alguns segmentos de mercado, sobretudo o das tiragens curtas e tiragens personalizadas, em pequenos formatos, está mudando o processo de produção, a suscitar algumas interrogações à indústria gráfica, que algumas vezes se questiona como vai ser o futuro, se com impressão digital ou convencional, estas dúvidas suscitam respostas sensatas. Mas quem poderá sensatamente prever mais para além do tempo presente, os aspectos infinitos que nos pode oferecer o tempo futuro? Sempre que me questionam sobre este tema, aconselho a pensar nesta hipótese: imagine que as gráficas convencionais decidiam fechar ou fazer uma greve prolongada. Qual seria o resultado? O colapso da economia. Agora, imaginemos o contrário: as gráficas do digital decidiam fazer o mesmo. O que ocorreria? A força industrial das gráficas convencionais supriria facilmente essa lacuna. Por isso, o melhor é continuar com um olho no burro e outro no cigano.
 
Muitos profissionais gráficos que foram crescendo de mãos dadas com as melhores soluções tecnológicas não desconhecem que a quarta revolução industrial em marcha – as primeiras três trouxeram a mecanização, a produção em massa e automatização computorizada – introduziu sistemas em rede de máquinas que se comunicam e cooperam umas com as outras e com os operadores no momento em que executam as suas próprias decisões acerca de como realizar as tarefas fixadas. E que a essência da indústria 4.0 é o conceito central utilizado na impressão convencional, de soluções em fluxo de trabalho totalmente integrado digitalmente. Tudo isto e muito mais em rede num equipamento de offset, não é uma utopia, mas sim uma realidade.
As dimensões práticas e económicas entre o digital e o offset podem medir-se e são claras, mas ainda há quem viva em estado de grande confusão, sem identificar as suas competências e vantagens essenciais.
 

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