Uma amizade que, como já uma vez escrevi, nunca foi motivo de constrangimentos nos negócios realizados, ou inibidora de opções e interesses não coincidentes. Uma relação saudavelmente natural e consistente; uma espécie de boa-fé semeada, em que a colheita resultou frutuosa para ambos.
Embora pareça lisonjeiro o que vou dizer-lhe, a verdade é que o admiro e aprecio pelo caminho cheio de obstáculos que percorreu, com vagar e prudência, talvez o mais certeiro método para alcançar a meta de um sonho que se materializou e colher, agora, os frutos da árvore que plantou, cuidou e viu florescer.
Recentemente voltei a pisar, com a emoção da primeira vez, o reduto onde passa os dias e tem passado os seus anos, permanentemente activo nas mudanças que, com pertinácia e serena confiança, vai fazendo irradiar.
Quando aí fui pela primeira vez, há quase quarenta e cinco anos, encontrei um homem que fervilhava uma inquietação igual à minha, a bater ao ritmo do meu coração. Alguém desejoso de encontrar as coordenadas que o justificassem no futuro como um empresário de corpo inteiro; alguém que iniciara os primeiros passos no palco da vida, numa actividade alicerçada em nenhuma grande certeza, mas com o desejo incansável de dar expressão consistente ao seu projecto de vida. Quarenta e cinco anos depois, encontro-o em contida serenidade a saborear o mel da responsabilidade assumida e em paz, com a consciência do dever cumprido.
O tempo passa por nós na sua pressa e leva com ele todas as energias da nossa rotina existencial, mas apesar das nossas fraquezas do corpo, cá vamos aguentando de pé, com o mesmo espírito inconformado de outrora, imprimindo sensibilidade aos vindouros para que a herança – obra da nossa paixão – não perca neles o espírito, a tempera e a força de animo que legamos.
Como diz o ditado: “Não é empresário quem quer. É quem merece sê-lo.”
Felizes os que se cumprem no que fazem.
Com a amizade e simpatia do
Augusto Monteiro
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